FERNANDO DE BARROS E SILVA
Segurança em jogo
SÃO PAULO - Num Estado como São Paulo, a Secretaria da Segurança Pública talvez seja responsável pela área mais sensível da administração. Entre civis e militares, o titular da pasta tem sob o seu comando mais de 130 mil policiais.
O atual secretário, Antonio Ferreira Pinto, fez do combate à corrupção dentro da polícia a marca da sua gestão. Alguns críticos o acusam de ser condescendente com abusos da PM, corporação à qual foi ligado. Mas reconhecem que nunca, desde a redemocratização, houve tanto empenho contra a roubalheira policial, sobretudo na Civil, onde o problema é endêmico.
Está em curso, por isso, um lobby pesado para que Geraldo Alckmin mande Ferreira Pinto para casa no dia 1º de janeiro. A pressão é capitaneada por delegados descontentes, afastados ou preteridos, mas conta com a ajuda de deputados tucanos, a começar por Mendes Thame, presidente do partido no Estado.
Há muitos interesses em jogo. Um deles está no Detran, máquina de fazer dinheiro fácil, cujo controle pode sair das mãos da polícia.
Mas o cerne da questão reside no status dado à Corregedoria da polícia, que Ferreira vinculou diretamente à secretaria, e não ao delegado-geral, para fazê-la funcionar.
A corregedora Maria Inês Valente investiga hoje em torno de 900 delegados, num total de 3.300. Nem todos são casos de corrupção, nem todos são acusados de irregularidades graves, mas o número ainda assim impressiona: quase um terço da elite da Polícia Civil está sob a lupa da corregedoria.
Os que pressionam pela manutenção de Ferreira Pinto no cargo alegam que este trabalho de combate à criminalidade a partir da lição de casa foi apenas iniciado, mas ainda não está sedimentado na cultura policial. Teme-se um grande retrocesso se alguém mais tolerante com os vícios e esquemas da polícia assumir (ou reassumir) a Segurança Pública e patrocinar o esvaziamento da corregedoria.
Cabe a Alckmin definir o rumo.
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