ESPECIAL CHUVAS EM PERNAMBUCO -
No QG do Derby, exemplos de humanidade
Carolina Albuquerque
O primeiro passo ao chegar ao Quartel foi procurar o trailer da Polícia Militar. Simples, apenas dar o nome, identidade e telefone, então, a orientação é identificar um agente fardado e se engajar em alguma das tarefas. Ao passar o olho pela área, vi o quanto de trabalho se tinha para fazer. Milhares de sacos para serem triados em cada uma das barracas montadas. Nessa hora, percebi a importância da participação popular. Era terça-feira, dia 6, e já passava das 9h30 quando cheguei.
Falei com um rapaz com fardamento do Exército Brasileiro: “Por onde posso começar o trabalho?”. Ali mesmo onde ele estava, embaixo de uma árvore, uma montanha de calçados aguardava pela ação dos voluntários. Dividi o trabalho de achar pares de sapatos, tênis, sandálias, chinelos, botas com mais outras cinco pessoas. Uma senhora e uma estudante de Direito estavam ao meu lado. Tudo bem informal, com pouca estrutura, mas envolto por um espírito de solidariedade.
A estudante me contou que sai todos os dias, há duas semanas, de Paulista, onde mora, para trabalhar como voluntária no Derby. Ela disse que passa o dia, muitas vezes sem nem parar para almoçar. Já saiu de lá à noite, entre 18h e 19h. Perguntei o que a motivava sair de tão longe para ser voluntária. “Tem muita gente precisando”, respondeu. Depois percebi que são pessoas de várias as idades, classes sociais, com histórias de vida diferenciadas.
Enquanto separava os sapatos me envolvi na conversa dos outros voluntários, que se tratavam de forma muito cordial e amigável. Muitos ali estão quase todos os dias no Quartel, a aproximação veio por justamente encontrar as mesmas pessoas no local.
Inicialmente, trabalhei sem as luvas na triagem dos sapatos, isto é, ver o que presta e amarrar os pares. “Já passei por várias partes da separação dos donativos. A parte mais difícil, na minha opinião, é esta dos sapatos. Não gosto de trabalhar com luvas. Mesmo que, no final do dia, o cheiro dos sapatos sujos fique impregnado nas mãos”, disse a estudante, ao meu lado.
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