Adolescente é queimado vivo em Jardim Uchôa
Antes de ser atingido pelas chamas, garoto, de 16 anos, levou duas facadas
JOSÉ ACCIOLY
Um crime, com requintes de crueldade, fez mais uma vítima no Recife. Dessa vez, um adolescente de 16 anos foi assassinado com golpes de faca peixeira e teve partes do corpo carbonizadas. A polícia acredita que a vítima estava viva ao ser queimada. O garoto teve as mãos presas pelas costas por um fio de náilon azul e amarradas a uma cerca de arame farpado quando teve o corpo consumido pelas chamas. O crime ocorreu na rua Valdemir Teles, no bairro de Jardim Uchôa.
“Familiares informaram que ele era viciado em drogas e praticava pequenos furtos na casa de parentes para manter o vício”, contou o soldado do 12º BPM, Anderson Martins. A vítima residia no bairro de Areias. Um tio do adolescente confirmou a versão da polícia, acrescentando que o jovem começou a usar entorpecentes há seis meses, sobretudo maconha. “O pai dele também morreu queimado, quando a mãe ainda estava grávida. Não temos ideia de quem poderia ter feito isso”, desconversou o parente, de 19 anos, que é professor de dança.
O local onde o corpo foi encontrado é conhecido como Vacaria. Lá, ocorre intenso tráfico de drogas. Onde o adolescente foi achado, havia muito lixo entulhado nas proximidades, e animais, como porcos e cavalos. Moradores negaram que ouviram gritos ou pedidos de socorro. Uma mulher, que preferiu não se identificar, chegou a ver as chamas. “Vi o fogo, mas não sabia que era um garoto sendo queimado vivo. Quando me aproximei e vi o corpo, corri. Fiquei com muito medo. Nunca vi algo parecido aqui”, revelou.
A perícia do Instituto de Criminalística (IC) identificou duas perfurações na região entre o abdômen e o tórax da vítima. As lesões foram feitas por um objeto perfuro-cortante, provavelmente uma faca peixeira. De acordo com o perito Sérgio Almeida, a arma do crime não foi localizada e não foi constatado qual o combustível usado para queima do corpo do jovem. Ele acredita que o garoto agonizou e foi queimado vivo. “A rigidez cadavérica aponta que o crime foi cometido por volta das 4h. Ele recebeu os golpes e, ainda vivo, foi queimado. As vísceras estavam expostas. Pelas características, mais de uma pessoa participou desse assassinato”, analisou.
O caso foi registrado pela equipe de plantão da Força Tarefa da Capital do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Para o delegado Humberto Ramos, o crime tem ligação com o tráfico de drogas. “Tudo leva a crer que o homicídio pode ter sido cometido por uma dívida de drogas que a vítima tinha com traficantes, já que familiares confirmaram que ele era usuário. Isso é uma pena, pois cada vez mais as drogas vêm sendo o principal motivo para a maioria dos assassinatos”, alertou o policial. O corpo do adolescente foi encaminhado para o Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro. O crime será investigado pelo DHPP.
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