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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Adolescente é quei­ma­do vivo em Jardim Uchôa

Adolescente é quei­ma­do vivo em Jardim Uchôa

Antes de ser atin­gi­do pelas cha­mas, ga­ro­to, de 16 anos, levou duas fa­ca­das
JOSÉ AC­CIOLY
Um crime, com re­quin­tes de cruel­da­de, fez mais uma ví­ti­ma no Recife. Dessa vez, um ado­les­cen­te de 16 anos foi as­sas­si­na­do com gol­pes de faca pei­xei­ra e teve par­tes do corpo car­bo­ni­za­das. A po­lí­cia acre­di­ta que a ví­ti­ma es­ta­va viva ao ser quei­ma­da. O ga­ro­to teve as mãos pre­sas pelas cos­tas por um fio de nái­lon azul e amar­ra­das a uma cerca de arame far­pa­do quan­do teve o corpo con­su­mi­do pelas cha­mas. O crime ocor­reu na rua Valdemir Teles, no bair­ro de Jardim Uchôa.

“Familiares in­for­ma­ram que ele era vi­cia­do em dro­gas e pra­ti­ca­va pe­que­nos fur­tos na casa de pa­ren­tes para man­ter o vício”, con­tou o sol­da­do do 12º BPM, Anderson Martins. A ví­ti­ma re­si­dia no bair­ro de Areias. Um tio do ado­les­cen­te con­fir­mou a ver­são da po­lí­cia, acres­cen­tan­do que o jovem co­me­çou a usar en­tor­pe­cen­tes há seis meses, so­bre­tu­do ma­co­nha. “O pai dele tam­bém mor­reu quei­ma­do, quan­do a mãe ainda es­ta­va grá­vi­da. Não temos ideia de quem po­de­ria ter feito isso”, des­con­ver­sou o pa­ren­te, de 19 anos, que é pro­fes­sor de dança.

O local onde o corpo foi en­con­tra­do é co­nhe­ci­do como Vacaria. Lá, ocor­re in­ten­so trá­fi­co de dro­gas. Onde o ado­les­cen­te foi acha­do, havia muito lixo en­tu­lha­do nas pro­xi­mi­da­des, e ani­mais, como por­cos e ca­va­los. Moradores ne­ga­ram que ouviram gri­tos ou pe­di­dos de so­cor­ro. Uma mu­lher, que pre­fe­riu não se iden­ti­fi­car, che­gou a ver as cha­mas. “Vi o fogo, mas não sabia que era um ga­ro­to sendo quei­ma­do vivo. Quando me apro­xi­mei e vi o corpo, corri. Fiquei com muito medo. Nunca vi algo pa­re­ci­do aqui”, re­ve­lou.

A pe­rí­cia do Instituto de Cri­minalística (IC) iden­ti­fi­cou duas per­fu­ra­ções na re­gião entre o ab­dô­men e o tórax da ví­ti­ma. As le­sões foram fei­tas por um ob­je­to per­fu­ro-cor­tan­te, pro­va­vel­men­te uma faca pei­xei­ra. De acor­do com o pe­ri­to Sérgio Al­meida, a arma do crime não foi lo­ca­li­za­da e não foi cons­ta­ta­do qual o com­bus­tí­vel usado para quei­ma do corpo do jovem. Ele acre­di­ta que o ga­ro­to ago­ni­zou e foi quei­ma­do vivo. “A ri­gi­dez ca­da­vé­ri­ca apon­ta que o crime foi co­me­ti­do por volta das 4h. Ele re­ce­beu os gol­pes e, ainda vivo, foi quei­ma­do. As vís­ce­ras es­ta­vam ex­pos­tas. Pelas ca­rac­te­rís­ti­cas, mais de uma pes­soa par­ti­ci­pou desse as­sas­si­na­to”, ana­li­sou.

O caso foi re­gis­tra­do pela equi­pe de plan­tão da Força Tarefa da Capital do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Para o de­le­ga­do Humberto Ramos, o crime tem li­ga­ção com o trá­fi­co de dro­gas. “Tudo leva a crer que o ho­mi­cí­dio pode ter sido co­me­ti­do por uma dí­vi­da de dro­gas que a ví­ti­ma tinha com tra­fi­can­tes, já que fa­mi­lia­res con­fir­ma­ram que ele era usuá­rio. Isso é uma pena, pois cada vez mais as dro­gas vêm sendo o prin­ci­pal mo­ti­vo para a maio­ria dos as­sas­si­na­tos”, aler­tou o po­li­cial. O corpo do ado­les­cen­te foi en­ca­mi­nha­do para o Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro. O crime será in­ves­ti­ga­do pelo DHPP.

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