O cara que deu um chapéu em Pelé
Ex-volante coral, que foi pentacampeão pernambucano, trabalha na Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
KAUÊ DINIZ
Tomar um drible desconcertante de Pelé era a situação mais normal do mundo. Mas dar um chapéu no Rei do futebol foi uma façanha para poucos. É tanto que, até hoje, Zito Peito de Pombo mantém viva em sua memória o dia em que, num jogo entre o Santa Cruz e o Santos, no Arruda, no início da década de 70, ele inverteu os papéis com o maior jogador da história e arrancou aplausos da torcida após o lance histórico. O orgulho do ex-volante tricolor é explícito, facilmente denunciado pela voz de quem não se contém em entusiasmo em relembrar dos velhos tempos de boleiro.
“Até hoje, as pessoas me param na rua para me cumprimentar e falam: ‘Zito, eu vi o chapéu que você deu no Pelé’”, conta o ex-cabeça-de-área coral, que há 26 anos trabalha na Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e, vez por outra, ainda é solicitado para entrar em campo. “O pessoal chega e diz: ‘Zito, perde dez quilos que tu tem vaga no time do Santa Cruz’. Eu fico lisonjeado, mas hoje só aguento jogar dez a vinte minutos, quando Luciano Veloso e Ramón me chamam para disputar umas partidas pelo time de master do Santa Cruz”, diz, sempre bem humorado.
O caminho de Zito se cruzou com o do Santa Cruz graças ao dedo do técnico Gradim. Foi ele quem solicitou a contratação do então volante centralino. O desafio não era nada fácil. Zito precisava vencer a desconfiança que, geralmente, ronda os jogadores oriundos do Interior do Estado. Além disso, chegava num período de jejum de títulos. Há nove anos, o Tricolor não dava uma volta olímpica. Meses depois, o caruaruense escrevia as primeiras páginas da sua trajetória vitoriosa no Santa Cruz. “Gradim formou um grande time. Trouxe vários jogadores da região e deu espaço à garotada prata-da-casa. Infelizmente, hoje, os clubes daqui esqueceram de investir na base. Foi assim que o Santa Cruz foi pentacampeão e o Náutico, hexa”, diz.
Do período em que defendeu o Santa Cruz, dois episódios, além do chapéu em Pelé, Zito faz questão de destacar. “Foi muito emocionante o título pernambucano de 1969, após dez anos sem o Santa Cruz conquistar um título. Lembro que o Gradim me chamou antes da partida e perguntou o que eu achava que deveríamos fazer para sermos campeões. No final, terminamos conquistando o título. A final de 1973 também foi marcante. Dei o passe para Ramón fazer o gol”, recorda o famoso Peito de Pombo, que também defendeu a seleção pernambucana num amistoso contra a brasileira, aqui no Recife.
Zito acredita que só não foi mais longe no futebol devido à lesão que sofreu. “Tive um problema de menisco no joelho. Isso atrapalhou minha carreira. Tinha proposta para jogar no Sul do País. Mas o futebol é assim mesmo”, resignasse.
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