Preso anuncia nova rebelião domingo
Segundo ele, logo após a visita dos parentes será realizado o movimento
JOSÉ ACCIOLY
Detentos do Presídio Professor Aníbal Bruno (PPAB), no bairro do Tejipió, Recife, planejam realizar uma nova rebelião no próximo domingo, logo após a visita dos parentes. Os presidiários reivindicam a transferência de parte dos internos, sobretudo dos chaveiros, dos pavilhões G, H, I, J, e do galpão - onde atua uma milícia - para outras penitenciárias. A denúncia foi feita por uma fonte da Folha de Pernambuco, que telefonou no início da tarde de ontem, de dentro do presídio. Além da possibilidade de nova rebelião, informações extraoficiais indicam que no último confronto, no dia 14 de maio, 23 presos foram assassinados, ao contrário do que foi divulgado, oficialmente, pela Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), totalizando três pessoas mortas. Procurado pela reportagem, o secretário Humberto Vianna informou, através da assessoria de Imprensa, que não vai rebater as acusações. Entretanto, o comandante do Batalhão de Choque, major Almir Umberto, endossou o posicionamento da Seres.
Segundo a denúncia, mesmo com a transferência de 40 detentos no mês passado, dentro do pavilhão J continua atuando uma milícia com o consentimento da direção do presídio. Os chaveiros, alvos da revolta da maioria dos demais detentos, são escolhidos pelo diretor do PPAB, coronel Geraldo Severiano, para controlar os demais presidiários a base de agressões físicas.
“Aqueles que destoam ou não cumprem as ordens repassadas pela direção, são espancados. Eles andam armados e os policiais não fazem nada, porque são protegidos por ele (Geraldo Severiano)”, denunciou a fonte. Ele acrescentou que os milicianos são conhecidos por “gatos”, enquanto que o restante dos detentos são chamados de “ratos”, fazendo referência a disputa pelo poder dentro do PPAB. “A situação é humilhante nesses pavilhões. Os detentos têm que pagar R$ 7 por domingo para eles comprarem suas drogas. Caso contrário, somos espancados”, contou.
Sobre o motim que resultou na morte de três presos, a fonte revelou que 23 presidiários foram assassinados por policiais militares. “O diretor divulgou que só três morreram, porque esse dado é conveniente para ele. Os outros 20 mortos, ele cuidou. Eles esperaram a Imprensa sair no dia para remover os corpos. Teve morto que saiu dentro de viaturas da Seres”, escancarou. Ele disse ainda que os policiais, depois de atirarem contra os detentos, foram ordenados a usar facas e outras armas brancas para perfurar os corpos, na tentativa de encobrir a ação bélica. “Ele tentou passar a culpa das mortes para os presos”, destacou.
REVISTA
Essa pessoa, que manteve sigilo, revelou que, apesar da revista feita pelo Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) na quinta-feira passada, onde apreendeu armas, drogas, televisores, celulares e outros objetos proibidos dentro do presídio, grande parte dos materiais permanecem no presídio. A fonte revelou que, na tarde de ontem, traficantes presos aguardavam a entrega de um malote contendo drogas. O material não foi repassado, porém a reportagem flagrou detentos próximos a pedaços de madeiras e barras de ferro, que podem ser usados com armas artesanais. O entulho é da obra de requalificação da unidade prisional.
A fonte detalhou ainda a fragilidade na segurança do PPAB, no que se refere a entrada de objetos no presídio. “Quem quiser pode levar objetos ou pessoas para dentro, basta pagar os policiais da entrada. Para entrar qualquer pessoa que não seja um familiar, é só pagar a partir de R$ 50 ao policial”.
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