Mulheres executadas em Abreu e Lima
Elas foram mortas a tiros no início da manhã do sábado
CAROLINA ALBUQUERQUE
Não foi um dia como outro qualquer o acordar dos moradores da rua Paulista, no bairro do Fosfato, em Abreu e Lima, no último sábado. Na via estreita, próximo ao núcleo de policial da cidade, dezenas de mulheres, crianças, homens e idosos se aglomeravam. O sono interrompido de muitos deles foi causado pelos vários tiros de arma de fogo, cerca de 15, disparados no fim da madrugada. Na porta de casa, duas mulheres estavam estiradas no chão, ainda montadas na moto Honda de cor preta, de placa KLN-5274.
O sangue escorria pelas canaletas da rua, ajudado pela chuva fina que havia caído naquela madrugada. Apenas uma foi identificada por familiar, a ambulante Márcia Maria de Melo, proprietária da motocicleta, que completava 38 anos no dia em que lhe tiraram a vida. A outra, de pele morena, de aproximadamente 1,60 metro e aparentando 25 anos, que vestia short jeans e moletom vermelho, não foi reconhecida, nem possuía documentos de identificação. A Força Tarefa Norte do DHPP, que iniciou as investigações, não têm dúvidas de que se tratou de uma execução.
Os policiais do 17° BPM chegaram ao local por volta das 5h30. De acordo com eles, informações colhidas com testemunhas dão conta de que familiares de uma das vítimas estiveram no local, mas não quiseram ficar. Indícios encontrados na cena do crime apontam, de acordo com a Polícia Civil, que a motivação esteja relacionada com o uso ou o tráfico de drogas. “A mulher de vermelho ainda segurava um cachimbo utilizado para fumar crack. Além disso, não foi encontrado mais nada suspeito”, afirmou a delegada Andréa Melo.
O IC contabilizou 12 perfurações em Márcia, que vestia uma bermuda, um moletom e tênis, todos de cor branca, e mais seis na outra mulher não identificada. “Alguns deles podem ter transfixado o corpo. Agora não é possível saber exatamente quantos tiros disparados, mas foram muitos. Também encontramos marcas na moto em outros locais”, detalhou o perito criminal Severino Arruda. Os tiros foram disparados a poucos metros das duas. “Pela lógica, elas estavam saindo com a moto quando foram alvejadas”, comentou o perito.
Apenas uma irmã de Márcia Maria, que preferiu não ser identificada, apareceu no local do crime. De acordo com Andréa Melo, essa irmã informou que Márcia morava na localidade com outras irmãs e a mãe e que era homossexual, mas não soube afirmar se a outra mulher era sua companheira. “A família está muito receosa tanto é que as que moram aqui não vieram. Só uma irmã, que não mora na localidade. A suposição é de que as duas seriam casadas. Mas ainda é muito cedo para confirmar. Entre os moradores, a lei do silêncio impera”, completou a delegada.
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