Major da PM se envolve em confusão e atira dentro de boate
Frequentadores, desesperados, quebraram o portão para sair do local
Marcela Alves e Manoel Guimarães
A festa Quinta Black desta semana, promovida pela boate Downtown Pub há seis anos, no Bairro do Recife, terminou de forma inesperada para os cerca de 360 frequentadores: pânico geral. O major da Polícia Militar Enéas Dantas de Carvalho Cantarelli Junior efetuou um disparo de revólver dentro do estabelecimento. Ele foi atingido por um copo de cerveja no rosto, e teria saído do local para buscar a arma no carro, e em seguida retornou. Com medo, populares chamaram a polícia e ainda tiveram que quebrar a porta da saída de emergência para evacuarem o espaço. Um dos frequentadores, que se divertia na boate, disse que a confusão teve início por volta de 1h40. “Ele entrou sangrando muito no rosto e com a arma em mãos, apontando. Depois ouvimos o tiro, e muita gente se abaixou. O alívio só veio quando arrombaram o portão e conseguimos sair, num corre-corre danado”, narrou.
A reportagem da Folha ouviu várias pessoas que estavam na boate, dentre funcionários e frequentadores. Nenhum deles quis se identificar, alegando medo de represálias. Entretanto, todas as versões incriminavam o policial. “Ele estava com uma câmera tirando fotos das mulheres, quando se dirigiu a uma que estava acompanhada. O companheiro desta não gostou e atirou um copo no rosto dele. Ele saiu para pegar a arma e quando voltou ficou com ela apontada para cima, na pista da boate. Foi quando o DJ parou a música, a luz acendeu e todo mundo ficou com medo. O policial militar mandou as mulheres ficarem no andar de cima e os homens no andar de baixo”, relatou um dos entrevistados. Essa divisão, que não chegou a ocorrer, ajudaria o major a encontrar quem o agrediu, mas, antes disso, os clientes arrombaram o portão e conseguiram deixar o local.
O major chegou a ameçar alguns funcionários com a arma. Nessa hora, um dos funcionários do Downtown já havia comunicado à polícia sobre o tumulto. “Os policiais chegaram e pensamos que iriam detê-lo. Mas, para nossa surpresa, eles fizeram continência ao major, que ficou no controle da situação e ainda ameaçou seguranças”, denunciou outro popular. Além da Polícia Militar, duas viaturas da Corregedoria foram acionadas para o local. Porém, quando chegaram, o major já havia deixado o recinto encapuzado, em uma viatura do 16º Batalhão. Os policiais não informaram que providências serão tomadas contra Cantarelli. No entanto, ressaltaram que os soldados que entraram na boate não poderiam prender o major, apenas um coronel teria autoridade para tal. Por volta das 3h30, a boate já estava esvaziada e o prejuízo começava a ser calculado.
O advogado da casa noturna, Misael Montenegro Filho, informou que, a princípio, a gerência não promoverá nenhuma ação legal contra o policial. “Não queremos tomar nenhuma atitude precipitada, neste primeiro momento de investigação, apesar da casa não descartar a possibilidade de entrar com um ação, até porque o estabelecimento foi prejudicado”, esclareceu o advogado. Apesar do acontecimento, a casa noturna está funcionando normalmente.
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