Preso usa obra para fugir do Aníbal
Detento juntou os entulhos para chegar ao topo do muro e ganhar as ruas
BRUNO BASTOS
O presidiário Jackson Jeferson de Olveira, de 28 anos, escapou do Presídio Professor Aníbal Bruno, em Tejipió, por volta das 18h da última segunda-feira. Existe a suspeita de que ele juntou parte dos entulhos da obra que está em andamento na unidade para alcançar o topo do muro, de onde pulou para a rua. Até tarde de ontem a direção da unidade prisional não tinha conseguido recapturá-lo. O foragido cumpria pena desde 2000 por assalto, homicídio e tráfico de drogas e já teve passagens pelas penitenciárias de Petrolina, de Igarassu e Barreto Campelo, em Itamaracá. Jackson também já esteve foragido uma vez, em 2007, quando escapou do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP). “A fuga já foi comunicada à Delegacia de Capturas e, desde então, o preso é considerado foragido. Vamos tentar localizá-lo e trazê-lo de volta para o presídio”, garantiu o Secretário de Ressocialização do Estado, coronel Humberto Viana.
Quanto às denúncias de que Jackson tirou proveito das obras para fugir, o superintendente de segurança da penitenciária, coronel Isaac Wanderley, preferiu não se posicionar. “Estamos apurando as circunstâncias em que ocorreu a fuga”, afirmou. O secretário confirmou que os detentos têm acesso ao canteiro de obras, o que abre espaço para que possam tentar fugir ou levar para dentro das celas objetos que podem ser usados para agredir outros detentos, como paus e barras de ferro.
Já o promotor de execuções penais do Ministério Público de Pernambuco, Marcellus Ugiette, enviou ontem à Secretaria de Ressocialização (Seres) um documento fixando o prazo de 120 dias para que o governo acabasse com os chaveiros em todas as unidades prisionais do Estado. “Essa recomendação é uma última tentativa de forçar o poder público a ter um posicionamento. Em Pernambuco existem quase 80 presos que tomam conta das chaves das celas e, por consequência, dos seus congêneres. Esse papel é do Estado”.
O promotor destacou que os presos que assumem o “posto” de chaveiros estão envolvidos em “praticamente 90% dos casos de tumulto” dentro dos presídios. “Como as penitenciárias estão lotadas, os chaveiros se valem dessa posição para obter privilégios. Muitos deles têm até homens de confiança, que eles chamam de ‘auxiliares’. É uma relação de poder que é muito perigosa”, esclareceu o promotor.
O secretário de Ressocialização, coronel Humberto Viana, prometeu que os chaveiros vão ser substituídos por parte dos 500 novos agentes penitenciários que foram aprovados em concurso este ano e que estão concluindo o curso de formação. Ugiette considerou o efetivo insuficiente e lembrou que todas as penitenciárias do Estado precisam de atenção.
“É óbvio que o Aníbal Bruno tem mais problemas, porque tem o maior número de detentos. Mas não podemos esquecer que as condições precárias se devem às falhas do sistema penitenciário como um todo”, relatou o promotor. Outro ponto defendido por ele é a divisão dos apenados por classificação de risco em vez do tipo de crime. De acordo com a proposta encaminhada por Ugiette, os presos seriam classificados ainda no Centro de Triagem de Abreu e Lima e enviados diretamente para a unidade adequada.
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