Kombeiros são absolvidos por quatro votos a três
Danúbia Julião, Juliana Aretakis, José Accioly, Priscilla Aguiar e Rochelli Dantas
NA FRENTE do Fórum de Ipojuca, população festejou sentença favorável aos réus com fogos de artifício
“Foi feita justiça” e “a verdade chegou”, desabafaram os kombeiros Marcelo e Valfrido Lira a 0h02 de hoje, depois de serem absolvidos por quatro votos a três da acusação de tentativa de estupro e de homicídio duplamente qualificado. “Registre-se”, proferiu a juíza Andréa Calado Venâncio, após a leitura da sentença. De um lado o alívio e de outro a frustração. Os kombeiros comemoraram timidamente a absolvição, momento em que o comerciante José Vieira, pai da adolescente Tarsila Gusmão, fechou os olhos e colocou a mão na cabeça. O pai de Maria Eduarda, Antônio Dourado, permaneceu sentado. Do lado de fora do plenário, Marilene de Carvalho Pádua e Lenilda Maria da Silva receberam a notícia e entraram para comemorar com os parentes. “Eu disse e sempre acreditei e pedi muito a Deus pensando neles. Sempre acreditei na inocência deles. Vai ser uma festa enorme”, desabafou a mulher de Valfrido, Lenilda Maria da Silva, puxando Marilene para ver a comemoração feita em frente ao fórum. “ Estou feliz demais”. Já no Centro de Triagem, Marcelo chegou a dizer que era impossível considerar uma acusação baseada em papéis de bombom e barbeador. Já Valfrido afirmou: “foi feita Justiça. Deus sabe de tudo”.
O resultado foi comemorado com fogos de artifício e gritos de guerra. Nem mesmo a chuva intimidou os manifestantes, que passaram horas em frente ao fórum a espera de um resultado farovárel aos irmãos Lira. Os advogados Bruno Santos e Jorge Wellington foram aclamados pela população, que chegou a carregar no colo o ex-promotor de Justiça Miguel Sales. Na tréplica feita antes da votação dos jurados, a defesa pediu pelo “in dubio pro reo”, expressão latina que significa literalmente na dúvida, a favor do réu. “Quem absolveu eles na verdade foram os peritos do IC que, no alto da competência deles, esclareceram todas as dúvidas atreladas aos autos. Foram os peritos que levaram os kombeiros à absolvição”, destacou o advogado Jorge Wellington.
Para Antônio Dourado, a luta não terminou. “Perdemos o primeiro round. Este foi quatro a três, mas virão os próximos”, salientou. José Vieira, que passou boa parte da tréplica emocionado, disse que não desistiria de lutar por Justiça. “Não foi um julgamento imparcial. Tarsila, olhe, não foi dessa vez ainda, mas pode dizer para Maria Eduarda que painho está firme e forte. Seu pai não sabe quanto tempo vai viver ainda, mas a gente vai se encontrar”, desabafou.
De acordo com o promotor de Justiça Salomão Abdo Aziz, foi interposto um recurso de apelação junto ao TJPE por decisão contrária a prova. A assistência de acusação pediu ainda a anulidade do julgamento, pela participação do advogado Bruno Santos na defesa. “O sentimento é de injustiça, embora a gente se sinta em parte reconhecido pelos três votos do conselho de sentença”, disse. A maneira com que os kombeiros cumprimentaram os jurados levantou na acusação a suspeita de que haveria algum parente dos dois em meio ao Conselho. Ao receber os cumprimentos dos réus, uma jurada que estava sentada no centro da mesa chegou a comentar que avisou que iria dar certo. “Dos sete jurados, três eram de Camela e dois de Nossa Senhora do Ó, cidades dos kombeiros. Eu sempre disse que o júri é uma surpresa. Mas já apresentamos o recurso em plenário”, salientou o promotor Ricardo Lapenda.
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